sábado, 26 de fevereiro de 2011

Um romance


Vamos criar um livro, um romance. Vamos correr na beira da praia e ir para a nossa casinha de sapé. Abrigar-nos no nosso imaginário refúgio. No santuário da nossa casa e quando a noite cair, vamos olhar a lua, e cantar a canção dos ventos uivantes. Vamos nos transformar em um só. Um só corpo e um só coração. Ir bem pra longe de tudo e ficar bem perto do nada, em um lugar onde só o que eu posso e quero ouvir, é a batida do seu coração. Em lençóis onde só o que sinto são seus braços morenos me acorrentando. Em versos onde nosso amor não é demasiado. Em céus negros que não são soturnos. Em jardins onde só exista nós dois por entre folhas de árvores temporãs. E depois, ir para um cômodo esquecido, e nos amar sob a luz do luar, pedir para o tempo parar e que tudo seja eterno enquanto durar. E que dure para sempre. Só porque nós dois sentimos, vemos e criamos o eternamente.

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Anjo Disfarçado


Um cão não julga os outros por sua cor, credo ou classe, mas por quem são por dentro. Um cão não se importa se você é rico ou pobre, educado ou analfabeto, inteligente ou burro. Se você lhe der seu coração, ele lhe dará o dele. ''Marley&Eu''

Só quem tem sabe. Só quem sente entende de onde vem todo esse amor e toda essa cumplicidade. Porque simplesmente não tem como não amar um ser tão simples e lindo, que transborda fidelidade e carinho. Que dão lambidas quando te vê chorando e abana o rabinho quando te pede beijinhos. Que sai pulando quando te vê chegando e sai correndo quando se vê aprontando. Como alguém não pode gostar de um ser que faz brotar como flor, um sorriso em uma criança, só por correr e olhar em sua direção? Como alguém não pode amar um ser que mostra tanta devoção e inocência em um único olhar? É como amar um anjo disfarçado, cuidar de um inocente de alma pura, que mesmo quando você erra na mesma hora ele perdoa, como se soubesse ao pé da letra o sentido dessa palavra. Como não proteger um ser que mesmo não falando sua língua e não andando sobre duas pernas te entende como se fosse seu melhor amigo? Seria mais fácil pra mim, colocar o mar em uma vasilha, do que não me ajoelhar e abraçar esse ser. Seria mais fácil pra mim, colocar toda a areia da terra em um copo, do que rejeitar esse ser. Seria mais fácil colocar um raio em uma garrafa do que não aprender o que é fidelidade com um cão.

Kaline Araújo

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Viver


Quem disse que a vida não pode ser perfeita?

A vida é feita de momentos.
De segundos que voam feito borboletas
Direto para o céu que parece o recanto das minhas orações.
A vida é feita de sonhos quando a gente decide não acordar.
A vida é feita de um beijo que parece a vida eternizar
É tudo questão de descobrir o verdadeiro sentido das coisas.
É tudo questão de saber saborear o perfume de uma rosa
É questão de saber sentir a brisa.
E assim nós vivemos...
Aprendendo a tecer a teia dos segundos dessa vida
É só parar em uma noite qualquer e olhar as estrelas do lado de quem você ama.
Viver é ouvir e dizer te amo
Viver é transformar tristezas e choros em poesia.
É transformar lágrimas em sorrisos.
Viver então é a arte de transformar!
Viver é decompor e aproveitar cada segundo de alegria
É juntar esses segundos e transformá-los em horas, meses, anos...
E tudo acaba ficando lindo quando a gente acorda com o cheirinho do café da manhã. E depois sentir o calor do abraço do papai e ouvir as bênçãos saindo dos doces lábios da mamãe.
Viver é transformar sonhos em realidade.
Viver é ir para o telhado de casa para se sentir mais perto do céu
Se sentir mais perto de Deus
Pegar na sua mão, te olhar nos olhos, e dizer que não preciso das estrelas quando já posso vê-las em teu olhar.
Viver é abraçar, beijar, amar, sentir... Viver!
Então... Quem disse que a vida não pode ser perfeita?

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Perseverança


Já faz 11 anos, mas eu me lembro bem daquelas manhãs de céu azul clarinho, brisa fresca com frutas no pé da árvore da casa do meu vizinho.
Ele nunca me via, mas, eu o via todos os dias. Porque ele era meu exemplo, ele foi e será sempre minha inspiração.
Seis horas da manhã e eu já sabia o que fazer quando acordava. Tomava meu café da manhã, pegava um banquinho e olhava pelo muro do meu visinho. Ele como sempre estava lá.
Era um senhor, de cabelos brancos, mãos envelhecidas que denunciavam o trabalho, pele com rugas feitas pelos anos, óculos que os auxiliavam a não desistir e olhos cheios de esperança.
Ele sentava sob uma figueira e sobre uma mesa improvisada. Era sempre a mesma visão: Vários livros sobre a mesa, um pote com vários lápis e canetas, muitas folhas de papel e a perseverança que pairava sobre ele. Eu ainda era pequena, não tinha entendimento de muitas coisas, mas, a onda de esperança daquele senhor me contagiou. Aquela vontade de vencer me marcou.
E hoje sentada sob uma figueira lembro-me daquele senhor. Não sei se ele ainda é vivo. Já se passam tantos anos... Mas olho para o céu e peço com fé que ele tenha conseguido realizar o seu sonho.
Eu lembro que ele estudava sem escrúpulos. Seis da matina em ponto ele estava lá sobre os livros. Seis da matina eu estava lá com os olhos a brilhar vendo aquele lindo senhor e seu aroma exalando perseverança. Ele me ensinou que o tempo pode passar. Tudo pode mudar! Os amigos podem ir. Ninguém vai restar, mas, não devo desistir! Por mais que pareça difícil, por mais que pareça impossível, por mais que a queda doa... Não devo desistir.
Devo estar lá sob a figueira às seis da manhã, olhando o céu pintado de azul clarinho, com livros sobre a mesa e exalando perseverança. Porque quem não tenta nunca tem chance de conseguir e quem desiste nunca vence. Pode demorar o tempo que for. Os fios brancos do cabelo podem vir, as mãos podem enrugar, a pele pode denunciar o tempo de luta, mas os olhos vão permanecer na esperança. E são esses olhos que vão ver a vitória chegar por trás daquela velha figueira, que o vento levou, e fez nascer várias proezas.

- Selinho

sábado, 12 de fevereiro de 2011

Meu segredo em 19 anos


Em meio à névoa quente do chuveiro vejo a imagem do espelho que começa a me descobrir. Ela tem olhos castanhos, cabelos longos e escuros. Tem um brilho no olhar e é intensa até nos mínimos detalhes.
E ela me diz que já se passam 19 anos...
Estou com dezenove, mas, me sinto tão jovem. Sinto-me criança. Fico rindo a toa. Brinco com tudo e crio sonhos do nada. Ganho tempo perdendo o tempo olhando as estrelas. Aprendi que se aprende mais com a dor do que com a alegria. E que mesmo nesses momentos ruins devemos olhar para o lado bom da vida.
Falo com as flores e tenho certeza que elas me escutam e são minhas confidentes. E foram elas que me disseram para sorrir. Disseram-me que sorrir rejuvenesce. Que sorrindo a gente supera. Que sorrindo a gente passa por cima das lágrimas com a beleza de um jasmim no seu lindo jardim.
Aprendi que cinco minutos podem ser mais intensos do que três anos seguidos e inteiros. Aprendi que as palavras podem mudar uma alma. Que o amor verdadeiro existe e que a gente nunca deve desistir dos nossos sonhos. Porque, algum dia nós vamos nos confrontar com alguns deles, que outrora julgávamos perdidos.
Pude presenciar que Deus, depois de dezenove anos, nunca se esqueceu de mim. Que Ele nunca me deixou sozinha. E mesmo depois de tantos anos Ele se permanece fiel.
Vi que desde que eu nasci o céu não mudou, as estrelas ainda brilham. Mas, agora, elas brilham diferentes, porque, eu mudei o modo de olhá-las. Agora a vida gira diferente porque eu aprendi a vivê-la. E sei que vou continuar aprendendo e aprendendo.
Aprendi que um gesto vale mais que mil palavras. E que um olhar, faz sair faíscas de um coração que antes era um deserto de emoção.
Não quero me parabenizar. Quero agradecer, porque esses dezenove anos para mim, não seriam tão gloriosos se não houvesse todos vocês na minha vida. Absolutamente todos. Meus leitores, meus amigos, minha família, meu namorado Lindo, minha melhor amiga, meu melhor amigo... e principalmente Deus!
Obrigada por me ajudarem nessa caminhada.
Obrigada por fazerem de mim uma menina feliz.
Uma menina que hoje se olha no espelho e sorri mais uma vez. Sorri e chora de alegria por mais um ano de vida que vai ter para compartilhar e descobrir. Amar e sonhar. Honrar e conquistar com pessoas ao seu lado que com certeza fazem toda a diferença.
Sou eu no espelho. Mas, é apenas o reflexo da felicidade que todos vocês causam!

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

À sua espera



Se você o encontrar, por favor, dê esse recado à ele...

Depois de ficar até duas da manhã na companhia dos livros, os sonhos resolveram me levar para seu refúgio que eu, particularmente, queria poder morar.
Infelizmente tive que voltar, já passam das treze horas, e continuo a fazer todos os dias a mesma pergunta: "Cadê você?!" "Amor meu, por onde andas?!" "Porque não apareces?" "Anjo meu, em que céus estás a pairar?" A resposta nunca vem...
Parei para olhar o céu por um momento. Achei até um pecado ficar esmorecida e deixar esse lindo dia passar. O céu está radiante, as nuvens parecem algodão, tão branco quanto só elas podem ficar. E esse azul límpido, que me faz querer voar. Mas é aí que vemos que é impossível viver, mesmo se a vida colorir seus dias, mesmo que seu céu seja o mais pintado, ou suas estrelas brilhem mais do que as de qualquer outra pessoa... A vida fica sem graça sem ele por perto. Nada faz sentido.
Mas não sei por onde anda esta pessoa. Ele é único e inigualável. O coração dele não pulsa. O coração dele pula! Pula de alegria. É uma pessoa que é apaixonada e contagiante. Feita de amor e de carinho. Uma pessoa que não esconde sentimento. Que ama a canção das aves e me faz voar mesmo não tendo asas. É uma pessoa, que se a vida fizer um temporal sobre mim, ele coloca um guarda-chuva sobre minha cabeça. Faz brotar rosas no meio do meu deserto. Faz brilhar um dia cinza e nublado. Mas eu não sei onde essa pessoa está. Essa foi a única pessoa que correspondeu por igual o amor que tenho guardado em meu peito. Que quer sair para poder explodir, mas, nunca é correspondido. Por isso quero encontrá-lo... Por isso ele é tão importante pra mim.
Ele partiu em um dia como este. Ele partiu como as gaivotas do céu partem para o seu infinito azul e branco. E eu fiquei aqui...

Então, se um dia um de vocês encontrarem com essa pessoa, diga a ele que até o meu ultimo sopro de vida eu estarei a sua espera...
Que eu o amo! E que não conseguirei viver sem ser ao seu lado.
Porque só ele faz minha vida ter cor.

- Selinho!

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Alvorada de Maio


Na alvorada de Maio, ela ainda acreditava...
Na aurora de Abril ela ainda sonhava...
Ela vivia naquele século XVIII, naquela segunda geração ultra- romântica dos poetas vivos.
Um lápis; Um papel; Uma poesia e as estrelas...
Mas, nada mais importava em seu mundo, sabem por quê? Porque alguém conseguiu estraçalhar seu coração feito de versos de amor.
Era fim de tarde de Maio, ela não queria desistir, mas ele... Ele não estava nem aí. Fim da aula no século XXI, a menina de modos de um passado saudoso, ia atrás do seu amado pelo corredor de um colégio onde cursava o ensino médio.
- Por favor, eu só quero falar uma coisa com você.... – Dava pra ver seu coração se partindo pelos seus olhos.
- Falar o que? Já conversamos tudo! Depois nos falamos tá bem?!- Ele era curto e grosso
- Não! Não posso ficar mais um dia sem te dizer isso... – As lágrimas lutam pra se esconder em seus olhos.
- Já sei o que você vai dizer! A mesma coisa de sempre... E pra ser sincero não quero mais ouvir você dizer que me ama. Já disse que não gosto de você! – Ele tinha acabado de cravar uma estaca no coração da menina.
O sinal toca, e o garoto sai da frente da menina, com passos apressados e sem olhar pra trás. Por algum motivo ele estava atordoado, deve ser porque, ele não agüentava a dor da culpa de vê-la chorar e sofrer todos os dias por ele. Mas a pequena sonhadora não desistiu e o seguiu até a saída. Parou no portão do colégio, com as mãos trêmulas segurando, uma as grades do portão, a outra, palavra escritas a mão. Ele estava do lado de fora de costas para ela. Assim ele permaneceu, pegou o celular, olhou para a menina de soslaio, colocou o celular no ouvido e ainda de costas para ela... Foi embora.
E este era o cenário: Uma rua onde a brisa fazia uma folha seca de outono voar. Uma menina no portão de um colégio qualquer segurando cartas de um amor sincero que agora, a mesma brisa pegava suavemente de suas mãos, e as joga no chão perto de seus pés.
Ela ainda não conseguia se mover. Não conseguia acreditar. Mas, com lágrimas no rosto, e com aura de nostalgia, conseguiu mover um passo pra fora daquela rua, daquela solidão, onde só quem chorava com ela era a lua minguante, que começara a surgir por trás das nuvens de um outono perdido para ela.
A menina deixou marcada aquela calçada. Ela deixou seu coração ali no chão. E isso era a única coisa que ela queria mostrar a ele: O nome dele tatuado em seu coração que morria com a sua ausência. E agora ele está lá no chão, sozinho e sem vida, sendo velado pela lua e pelos finos flocos de neve que começam a cair.
Em um século onde seus sonhos deveriam aflorar. Mais foi na alvorada de maio onde eles começam a morrer, no coração esquecido e estilhaçado, de uma pequena poetisa.