Já eram quase onze da noite quando a garotinha, ainda tão
nova, sentou-se no meio fio, da rua Cornellius, e olhou o céu. Ela deve ter
pensado que os planetas nunca iriam se alinhar em sua órbita. Meio que de
soslaio ela observava o vento fazendo a curva na esquina e desejou se perder
por alí, mas não podia. Tinha que ficar. Ela tinha que erguer a cabeça mais uma
vez e tentar encontrar outro caminho que a levasse a qualquer destino que não
fosse a desilusão.
Mas pra que tanto desamor? Tanta complicação? O mundo não seria
mais bonito se as coisas simples fossem feitas com simplicidade? Se ao invés de
brigas tivessem mais declarações? Então a pequena começou a sentir suas rosadas
bochechas ficarem inundadas das lágrimas que escorriam sobre elas. Pobrezinha,
tão nova e tão já sofrida das complicações dos adultos. Sim, dos adultos.
Porque ela mesma sabe que quando era mais nova, gostava de observar do alto da
sua janela, o movimento dos adultos. Tão cheios de pressa, sem expressão
nenhuma a não ser a da preocupação. Tanta gente solta sem querer se enlaçar a alguém,
sem querer amar ninguém, por julgar ser muito complicado conviver com o outro.
Ou outros até possuem medo de se envolver com alguém.
Esses adultos, dignos de
pena, que não sabem rechear os problemas com sorrisos; não sabem esquecer o passado. E não sabem
cultivar o futuro se entregando ao amor. Pobrezinha, da minha menina, que já
tão nova sofre dessa doença que assolam essas pessoas que dizem que se relacionam.
Mas, então, essa gente não sabe que o amor faz chorar? Que problemas, todos
tem? Só que, apesar disso, nada pode pagar aquelas borboletas no estomago
quando se está amando. Ou então aquele sorriso que te invade do nada apenas em
pensar naquela pessoa... Meu Deus, que doença triste... Que faz com que essas
pessoas deixem de amar...
Agora, a garotinha tenta não mais olhar pra trás.
Tenta esquecer a dor de ter o coração partido ou pelo menos tenta se levantar
mais uma vez, porque ela bem sabe, que o mundo não para pra que ela possa
remontar seu coração. E mesmo querendo deixar que o vento a leve pra longe
dalí, ela permanece. Pobre garotinha, tão nova... tão forte... tão adulta.